Conheça 5 dos maiores incêndios da história do Brasil e como eles poderiam ter sido evitados

Conheça 5 dos maiores incêndios da história do Brasil e como eles poderiam ter sido evitados

Infelizmente, o Brasil carrega em sua história grandes incêndios que tiveram proporção mundial e deixaram inúmeras vítimas. O pior disso, é saber que cada uma dessas tragédias poderia ter sido evitada.

Seja por imprudência ou negligência nas medidas de prevenção e combate a incêndios, o Brasil coleciona grandes desastres que resultaram em perdas de vidas e de bens.

Continue conosco neste artigo e conheça 5 dos maiores incêndios da história do Brasil e como medidas simples poderiam ter evitado tantas perdas.

 

O que envolve os incêndios de grandes proporções?

 

As causas para que um incêndio aconteça são muitas. Podem ser provocados por acidentes, por materiais combustíveis ou inflamáveis, sabotagem e ações criminosas, falhas elétricas e até mesmo por mau uso de equipamentos ou materiais.

Independente da causa do incêndio, é importante frisar que as medidas de prevenção e combate são fundamentais para garantir a segurança patrimonial e de vidas, principalmente em locais com grandes circulação e concentrações de pessoas.

A responsabilização de proprietários e envolvidos na administração de estabelecimentos afetados é uma medida válida. Afinal, todo empreendimento que recebe grande número de pessoas como centros comerciais, de lazer, empresas e estabelecimentos semelhantes, precisam manter um sistema de prevenção e combate a incêndios funcional e de qualidade.

Além dos sistemas de prevenção e combate, é preciso determinar um plano de ação em caso de acidentes desse tipo. Por lei, empresas que possuem acima de 20 funcionários são obrigadas a estabelecer uma equipe de brigada de incêndios. Mas isso também é válido para outros locais onde há um grande número de pessoas.

Na implementação de equipamentos e processos de prevenção e combate a incêndios, também é importante sinalizar as rotas de fuga. A sinalização favorece a saída de pessoas do recinto, garantindo maior segurança até a chegada do corpo de bombeiros.

Muitos incêndios da história do Brasil poderiam ter sido evitados se tivessem um plano eficiente de prevenção e combate a incêndios.  A instalação de dispositivos de combate e medidas de evacuação segura são medidas que salvam vidas.

O AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) é obrigatório em estabelecimentos comerciais. Muito além de ser uma exigência, esse certificado garante a eficiência e conformidades do plano de combate e prevenção de incêndios.

Infelizmente, muitos desses estabelecimentos incendiados no Brasil não cumpriam as exigências de segurança. Por negligência, a maior parte não possuía, sequer, um plano para evacuação de pessoas. Logo, podemos concluir que, independentemente da causa do incêndio, a negligência é o que mais contribuiu para as catástrofes causadas pelo fogo.

Para reforçar as questões de negligência quanto aos planos de prevenção de combate a incêndios, vamos relembrar 5 dos maiores incêndios da história do Brasil e o que poderia ser feito para que não representassem grandes tragédias no país.

 

Gran Circus Norte Americano (1961)

Tido como um dos maiores incêndios da história do Brasil, o Gran Circus foi palco de 503 mortos, 372 somente no local. Na época, apesar da controvérsia pela falta de provas, o incêndio foi de origem criminosa, provocado por um ex-funcionário, Adílson Marcelino Alves, conhecido como Dequinha.

Nas chamadas para os espetáculos, o circo alegava que sua tenda era a mais moderna do momento, feita de nylon. Mas o que ninguém sabia, era que a lona era revestida de parafina, produto altamente inflamável.

Nunca o país viu uma tragédia de grandes proporções. A comoção também foi devido ao número de vítimas infantis. Os hospitais do Rio de Janeiro ficaram lotados, bem na época em que o serviço médico estava em greve.

Foi um verdadeiro colapso, tanto na saúde como nos serviços funerários. Um cemitério precisou ser inaugurado às pressas para receber as vítimas fatais do incêndio.

Na época, ninguém falava em planos e equipamentos de combate a incêndios. Muito menos em rotas de fuga. Algumas das vítimas foram pisoteadas pelo público em pânico que tentavam sair do local.  A grande heroína foi a elefanta do circo, que apesar de atropelar pessoas, abriu uma saída do circo por uma parte da lona. Isso possibilitou a evacuação de muitas pessoas.

Apesar da mistura mortal de nylon e parafina, o proprietário do circo, Danilo Stevanovich, nunca foi responsabilizado. Por ser constatado que o incêndio foi criminoso, a composição da lona ficou, erroneamente, de lado. Infelizmente, daí para frente, o Brasil sofreria por incêndios causados por utilização de materiais inflamáveis, como veremos adiante.

 

Edifício Andraus (1972)

O incêndio do edifício Andraus, localizado no centro de São Paulo, foi um caso claro de negligência por parte de seus administradores e responsáveis.

O Andraus era um prédio de 29 andares que ficava na Avenida São João e abrigava em sua marquise uma propaganda luminosa das Casas Pirani, e foi exatamente esse letreiro que causou o incêndio. A companhia de luz já havia notificado os responsáveis pelo prédio sobre os riscos de curtos-circuitos por sobrecarga na propaganda luminosa. Mas nenhuma providência foi tomada.

Em apenas 15 minutos, 6 dos 29 andares foram tomados pelas chamas. O fato resultou em 16 vítimas fatais e mais de 330 feridos. Como o prédio possuía um heliporto, grande parte dos sobreviventes foram resgatados por um helicóptero.

No caso do edifício Andraus, o gerente-geral das Casas Pirani, Nilson Cazzarini, foi condenado a dois anos de prisão, mas teve direito de cumprir em liberdade, o chamado sursis.

 

Edifício Joelma (1974)

Praticamente dois anos após o incêndio do Andraus, São Paulo e o Brasil viveriam mais um episódio trágico: o incêndio do edifício Joelma. Provocado por curto-circuito no ar-condicionado no 12º andar, o incêndio se propagou pelos 25 andares, resultando em torno de 190 vítimas fatais e 300 feridos.

Cercado por muita comoção e lendas, o edifício Joelma é considerado o segundo maior incêndio em arranha-céu com vítimas fatais. O primeiro é o Word Trade Center, as Torres Gêmeas de Nova York, em 2001.

O Joelma é um caso clássico de negligência. Mesmo com a lição do edifício Andraus, o edifício não possuía dispositivos de alerta e combate a incêndios, nem rotas de fuga. Muitas vítimas, em desespero, se atiraram das janelas para fugir do fogo.

Após o combate às chamas, muitos corpos foram encontrados nos elevadores, asfixiados pela fumaça. Por não terem rotas de fugas seguras, muitas pessoas tentaram sair por meios que consideravam seguros e alternativos naquele momento de total desespero.

Uma investigação foi instituída e a Crefisul, empresa que alugava o espaço, e a Termoclima, responsável pela manutenção do ar-condicionado, foram responsabilizadas pelo incêndio.

Além da falta de planos e de sistemas de prevenção e combate a incêndios, foi constatado que os eletricistas responsáveis da pela manutenção das instalações elétricas não possuíam formação na área e não tiveram orientações sobre as instalações do prédio.

O gerente-administrativo da Crefisul, Kiril Petrov, foi condenado a 3 anos de prisão. O proprietário da Termoclima, Walfrid Georg, e seu eletricista, foram condenados a dois anos de prisão. Os eletricistas da Crefisul também sofreram condenação com a mesma pena.

Quatro anos após o incêndio, o edifício Joelma deu lugar ao edifício Praça da Bandeira.

 

Boate Kiss (2013)

Em janeiro de 2013, ocorreu o incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Foi considerado o segundo maior incêndio do Brasil em número de vítimas, ficando atrás apenas do Gran Circus.

O incêndio da Boate Kiss resultou em 242 mortes e 636 feridos. A causa do incêndio foi por ações humanas e negligência por parte dos proprietários.

Durante um show da banda Gurizada Fandangueira, o vocalista da Banda disparou um sinalizador destinado para uso externo. As faíscas emitidas, em contato com o teto da boate, iniciaram as chamas na espuma de isolamento acústico.

Por não ter medidas de combate a incêndio, o fogo e a fumaça se espalharam rapidamente. Houve uma tentativa de conter as chamas com água e extintores, mas sem sucesso.

Uma das maiores falhas da boate foi a falha de comunicação entre os seguranças. Os que eram responsáveis pelo exterior do estabelecimento impediram a saída de pessoas pela única porta existente no local, por acreditarem que o tumulto foi devido a uma briga.

Além da boate estar com superlotação, seu alvará de funcionamento estava vencido e não possuía o plano de prevenção e combate a incêndios, vencido em 2012.

Se a boate estivesse trabalhando em conformidade com as exigências de segurança e mantivesse um plano eficiente para situações como essa, além da evacuação rápida dos ocupantes,  muitas mortes teriam sido evitadas.

Em 2021, oito anos após a tragédia, os sócios da boate Kiss, com o vocalista que disparou o sinalizador e o auxiliar da banda, foram condenados com penas de 18 a 22 anos de reclusão.

 

Alojamento do Flamengo (2019)

Um dos mais recentes foi o incêndio ocasionado no alojamento do Flamengo, no Rio de Janeiro, que vitimou 10 jovens com idades entre 14 e 17 anos, deixando somente 3 sobreviventes.

Estimou-se que a causa do incêndio foi um curto-circuito no ar condicionado, mas nada foi comprovado. O local onde ficava o dormitório dos adolescentes não possuía alvará de funcionamento, pois, segundo o clube, a área seria destinada a um estacionamento.

Algumas famílias entraram em acordo com o clube e foram indenizadas. O Ministério Público responsabilizou oito pessoas pela tragédia, uma delas o presidente do clube Eduardo Bandeira de Mello. Mas até o momento não houve conclusão do inquérito aberto para julgamento.

 

Incêndio no Museu Nacional

Apesar de não haver vítimas, outro incêndio que faz parte da história do Brasil é o do Museu Nacional, no ano de 2018. A causa foi uma sobrecarga causada por um curto-circuito no ar-condicionado (também!). Constatou-se que a instalação estava inadequada.

A perda do acervo é irreparável. Mesmo abrigando um riquíssimo patrimônio histórico, o museu não possuía um sistema de combate a incêndio adequado, além de apresentar instalações elétricas em situações irregulares. Além disso, o museu também não possuía laudo de vistoria emitido pelo Corpo de Bombeiros.

 

Todo mundo já ouviu falar pelo menos de uma dessas tragédias citadas acima e todas deveriam servir de lição para evitar que outras possam ocorrer. Infelizmente, podemos notar que as irregularidades ainda estão presentes.

Lembramos que esses são somente alguns dos incêndios da história do Brasil. Ainda existem outros que, por irresponsabilidade de pessoas envolvidas, culminaram em perdas e mortes. Esperamos que as leis para a exigência dos planos de proteção e combate a incêndios e as punições dos responsáveis sejam mais robustas.

 

O que achou deste artigo? Comente, compartilhe em suas redes sociais e siga nosso blog para mais novidades.

Até a próxima! 😉